Do Fogo.

Fotografia tirada por Hélio Madeiras, do incêndio em Vieira de Leiria (fonte: https://tinyurl.com/ycwhvcng)


Menos de 4 meses foi o tempo decorrido entre as duas grandes tragédias causadas pelo fogo. Para a minha geração é algo até aqui nunca visto mas que obriga à aprendizagem rápida.
Os incêndios tornaram-se assassinos em massa debaixo do olhar impotente e impreparado do "dispositivo" desenhado por António Costa enquanto foi Ministro da Administração Interna de Sócrates - tal "dispositivo" mostrou toda a sua fraqueza.

A inutilidade não recai sobre quem combate no terreno, mas sobre a forma de enquadramento destes nas diversas autoridades que os regem.

Nestes quase 4 meses, a estrutura montada pelo actual Primeiro Ministro custou a Vida a, pelo menos, 100 pessoas. 100 Vidas, famílias, histórias, projectos.
Essa mesma estrutura, multicéfala, descoordenada e à melhor maneira do amiguismo político, vive desligada da complementaridade e interdependência das várias facetas que a integram. Não se combate sem prevenir, não se previne sem plano de combate. Mas aqui o que contou foi que houvesse muitos a mandar nos seus pequenos mundos.

António Costa é o responsável último pela morte de 100 pessoas, tem nas mãos o sangue destes inocentes. Pessoas que confiaram no Estado, no socorro e segurança por este prometidos e devidos, mas que nunca chegaram.
António Costa tem sobre si, ainda, o peso de toda a ferida que se abriu na sociedade, em todos os que foram afectados pelos incêndios. Todos quantos se sentiram impotentes, todas as famílias destroçadas, todo o património perdido. Tudo isto se deve a uma opção política de António Costa, pela não integração das várias vertentes da prevenção e combate aos incêndios numa estrutura só, mas sim pela sua dispersão por várias entidades.
Esta opção foi desaconselhada inicialmente, novamente quando se deu o Incêndio de Pedrógão Grande e, ontem, voltou a mostrar a sua ineficácia.

A única explicação que encontro para tal opção é a multiplicação dos lugares a distribuir por nomeação política. Trata-se da venda da segurança dos Portugueses a troco de favores políticos.
Tudo isto se deve àquilo que é, na menos má das hipóteses, incompetência de António Costa enquanto Ministro da Administração Interna de Sócrates. António Costa definiu uma estrutura desarticulada e uma estratégia vazia, para inglês ver, apostando tudo no combate (onde há valiosos contratos de compra e manutenção de aparelhos e equipamentos variados - lembram-se do miserável SIRESP) e descurando a prevenção. Quem quer, de facto, resolver um problema, actua fortemente sobre as suas causas (previne) e acautela a eventualidade das consequências de forma integrada entre estas vertentes. Há, ainda, que olhar ao futuro integrando a vertente do planeamento (neste caso, florestal).

Não foi o que António Costa fez, ainda que devidamente avisado. Esta sua opção pôs o foco no combate às consequências sem se preocupar com as causas que resolveriam efectivamente o problema.

A irresponsabilidade de António Costa matou, pelo menos, 100 pessoas em 4 meses.

Os estudos foram feitos e refeitos, as conclusões foram tiradas e as linhas de orientação propostas. Por causa de António Costa, o Estado falhou. Espera-se que um partido com sentido de Estado, como presumo que o PS seja, tire as necessárias consequências políticas quanto à actuação do seu líder.
Perante isto, a demissão de António Costa, ainda que justa e necessária, já peca por tardia. Esperemos que antes tarde que nunca.

100 pessoas.

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