Encontros, reencontros e inquietudes de um pai


Dei por mim, fruto da escolha do futuro colégio dos meus dois filhos a repensar a estranha forma da nossa vida.
A espaços, estamos a perder o convívio diário, agarrados a um trabalho electrizante e / ou às redes sociais, numa tentativa de disfarçar a inquietude da nossa própria solidão.

Por isso é bom quando temos tempo para, a meio do dia, tomar um café com um amigo. Neste caso, neste dia, um grande amigo.

A conversa (e percurso de vida), fez-me pensar. Sobretudo nas escolhas que fazemos para os nossos filhos.

Falámos da importância da Escola e dos professores. Estes devem adaptar-se aos alunos, ou os alunos é que se devem adaptar ao professor?  Um misto seria o ideal. Se tiver de escolher um dos lados, escolheria o primeiro. Assim como os professores da velha guarda se devem adaptar ao mundo de hoje, e a esta nova (e por vezes estranha) forma de viver.

A escolha da Escola é um exercício extremamente ingrato para os pais (mesmo apesar de ter sido a nossa própria escola e com professores que também foram os nossos). É uma escolha que vai influenciar, e muito, a vida e o futuro dos nossos filhos.

Assim, resta-nos confiar nos professores e acompanhar os nossos filhos. E, mesmo passando menos tempo com eles do que nós queremos, é importante que, quando estivermos, estarmos de coração.

Que bom que é vê-los crescer, aprender e ver como ultrapassam as dificuldades quotidianas. E quanto nos custa dizer "não" ou vê-los bater com " a cabeça na parede"...

Recentemente, nasceu o meu segundo filho, e a reacção do mais velho foi surpreendente. Demorou um bocado a perceber o seu espaço mas, reencontrou-o com uma simplicidade sublime (e algumas birras e ciúme pelo meio). Rapidamente voltou às suas rotinas e brincadeiras e ainda esta semana preferiu ficar a dormir em casa dos avós do que vir para casa dos pais. Foi a primeira vez que conscientemente fez essa escolha e foi mesmo gratificante saber que levou a sua escolha até ao fim, num esgar de independência de uma criança de dois anos. 

Espero que no futuro mantenha esta postura (ainda que inocente para já) e que perceba que, como pai, não posso escolher por ele, nem posso resolver os seus problemas. Apenas posso ouvir e ajudar, com toda a ternura e amor, reduzindo-me ao meu espaço e deixando-o voar.

O tempo passa demasiado rápido neste frenesim quotidiano.

O resto da conversa, fluiu numa trivialidade [a]normal de amigos que já não se encontravam há mais de dez anos e que foi como que se nada tivesse mudado. 

Um abraço de despedida sentido e amigo fizeram o meu dia mais feliz. E que bom é ter exemplos e amigos na vida que nos fazem querer ser melhores.

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