Os Camioníadas

Este texto foi escrito por mim sobre a greve dos motoristas de pesados em 2008 e publicado, originalmente, aqui, num blogue de humor e sátira.
Tendo em conta a presente greve que está a secar os postos de combustível de todo o país, decidi recuperá-lo e adaptar os nomes dos governantes aos actuais que, como é público, têm grandes afinidades com os daquele tempo.


Os Camioníadas


Os camionistas com coletes assinalados,
Do parque TIR de são Domingos de Rana,
Por camiões nunca d'antes desviados,
Secaram bombas, inda além da Taprobana,
Em Piquetes e Paragens forçadas,
Mais que prometia a força humana,
Entre vias bloqueadas edificaram,
Novo caos, que tanto alimentaram.

E também das memórias odiosas,
Daqueles, que foram dilatando
o diesel, e a sem chumbo viciosa,
De Faro a Braga, andaram devastando.
E aqueles que por desvios valerosos,
Se vão da paragem libertando,
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto ajudar o engenho e a arte.

Cessem de Cabral e de Gama,
As navegações grandes que fizeram,
Cale-se de Otelo e de Maia,
A fama das ocupações que tiveram,
Que eu canto o peito ilustre Camionistano,
A quem Costa e Centeno (1) obedeceram,
Cesse tudo o que a CGTP antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

E vós, grevistas meus, pois criado
Tendes em mim um novo engenho mordente,
Se sempre em verso humilde não mediatizado,
Foi de mim vosso bloqueio docente,
Dai-me agora um som alto e animalesco,
Um estilo corriqueiro e fluente,
Porque de vossas estradas, a Polícia ordene
Que não travem os que não fazem greve.


(1) nomes alterados para os dos governantes actuais. No original Lia-se Sócrates e Lino.


JMP

Comentários