Pandemia






O mundo está diferente. Como que a Natureza a reestabelecer alguma "normalidade" após quase esgotarmos os seus recursos.
Vivemos num tempo de incerteza, em que a propagação do vírus foi rápida, silenciosa e letal.
Como disse o Sr. Presidente da República, estamos num tempo excepcional com uma medida excepcional.

O país está a adaptar-se a uma nova realidade, as cidades praticamente desertas, a mobilidade reduzida ao estritamente essencial. Com isto surgem alguns fenómenos, dos quais gostaria de destacar três: a corrida aos supermercados, o teletrabalho e o crash nos mercados.

Relativamente ao primeiro ponto, é importante mais do que nunca, respeitar os outros. Vamos continuar a ter o tão essencial papel higiénico como todos os produtos necessários à nossa sobrevivência.

Percebo que se faça stock de alguns produtos, por forma a sair de casa o menor número de vezes, mas gostaria de ver algum civismo em todos nós. Pensar nos mais velhos que têm de fazer compras e muitas vezes quando chegam, pouco ou nada têm para escolher. De louvar a onda de solidariedade de crescente de predisposição a ir fazer as compras que os mais vulneráveis necessitam.

Relativamente ao teletrabalho, os serviços são os que mais beneficiam disto. Deixo aqui algumas questões para discussão:

i) O Flexwork tem vindo a ser implementado nas grandes multinacionais há algum tempo. Será que estas medidas, se adoptadas massivamente daqui em diante terão impacto no ambiente?

ii) Os trabalhadores serão capazes de manter ou aumentar a produtividade trabalhando a partir de casa? (O meu exemplo pessoal, embora prefira estar no escritório com as equipas, muitas vezes em casa consigo estar mais focado e concentrado).

iii) Como se consegue formar colaboradores mais novos, muitas vezes sem experiência vindos directamente da faculdade?

iv) Após esta crise, será que as empresas vão ser flexíveis? No meu caso, estou a trabalhar desde Monção e os projectos estão a rolar. Será que será possível quem trabalha nas grandes cidades voltar para o campo? Iremos assistir a um tão necessário repovoamento do interior?

Quanto terceiro ponto, é fundamental que a economia não pare. É urgente proteger as empresas. Diria que facilmente se compreende que esta protecção deverá cobrir os três sectores de actividade económica. Se por um lado temos de proteger a agricultura e pecuária para termos alimentação, a indústria gera valor acrescentado e os serviços permitem optimizar esse valor - com menos recursos satisfazer as mesmas necessidades.
Os mercados caíram mais do que a na crise de 1929. As próximas semanas serão críticas pois quer os EUA quer o Reino Unido ainda não decretaram estado de emergência. Poderá ser uma questão de dias até isso acontecer o que fará com que os investidores prefiram ter o dinheiro disponível do que investido.

Toda esta paragem, juntamente com a paragem das escolas, vai levar a um aumento do desemprego, falência de empresas e instituições de solidariedade e, resta saber, quem vai pagar esta crise.

O Governo tem e terá uma missão hercúlea nas mãos. Toda e qualquer decisão que tomem poderá ser contestada, mas neste momento temos de confiar que estamos no rumo certo. Não importa esquerda ou direita, socialismo ou capitalismo. No entanto, uma coisa é certa: era preferível enfrentar esta crise com uma dívida de 60% do PIB do que de 121%.

Gostaria, no entanto, de realçar o discurso de Rui Rio (aqui) e a proatividade da Câmara Municipal do Porto quer no drive-thru (aqui) quer na importação de ventiladores quer na produção de máscaras cirurgicas. (aqui e aqui)

Economicamente, resta saber:
i) quem irá pagar esta crise;
ii) como é que os investidores vão reagir quando / se for declarado o estado de emergência no Reino Unido e Estados Unidos;
iii) Como vão as instituições de solidariedade manter a sua actividade?
iv) Como ficaram as relações e o comércio mundial após esta pandemia.


Por último, a todos os profissionais de saúde, a todos os voluntários, o nosso muito obrigado.
Aos pais, neste dia tão especial, um forte abraço.

Fiquem bem, protejam-se.




Comentários

  1. Excelente artigo, meu caro Luís! Do melhor que tenho lido sobre o assunto. Em relação à tomada de posição de Rui Rio, temo que o sinal de união se transforme em unanimismo. É necessário que a oposição, mesmo que colaborante, não se abstenha de fiscalizar o Governo. No meu entender, essa desejável fiscalização torna o Governo mais humilde e menos errático, para bem de todos. Um abraço

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