Pequenos partidos - IL







O papel dos pequenos partidos na Assembleia da Republica alterou substancialmente na entrada do XXII Governo.



Para além dos extremistas / populistas como Chega e Livre, surgiu também a Iniciativa Liberal (IL).



Liberal na economia (algo que me agrada bastante) e nos costumes (já não gosto tanto), este partido tem vindo a paulatinamente “profissionalizar-se”.



Para além do melhor marketing e comunicação política que me lembro de ver, a IL tem sido consistente com as suas posições e tem posto o dedo na ferida em questões como TAP, Tancos e também sobre os debates quinzenais.



Uma vez mais, estou alinhado na IL nas suas posições:



Quanto à TAP, embora reconheça alguma importância estratégica, não justifica os constantes investimentos avultados. Não compreendo também como é que uma empresa tem tantos prejuízos na altura do boom de turismo e comércio mundial (pré-covid).



Tancos, é demasiado mau para se escrever e a postura do Governo foi, no mínimo, miserável.



Quanto aos debates quinzenais, perdemos a oportunidade de questionar o grande líder. E Rui Rio é conivente com isto. Até um certo ponto percebe-se a sua posição, uma vez que o debate parlamentar é fraco, os deputados falam pelo partido e não pelas convicções e mo7vem-se pelo interesse próprio em vez do interesse nacional. Estou a generalizar, mas julgo não me afastar muito da realidade. No entanto, perde-se a oportunidade de questionar de fiscalizar e de obter respostas.



E aqui temos um ponto que tem marcado negativamente Rui Rio e o PSD. Responsável e com sentido de Estado quando necessário (entrada da pandemia e decreto do estado de emergência), Rui Rio não tem conseguido morder os calcanhares ao Governo e a mensagem que passa para o eleitorado é que está com o Governo. E isto leva-me a duas questões:



1)      Terá alguma hipótese de sobreviver às próximas autárquicas?

2)      Terá condições para chegar a Setembro / Outubro?



Sabemos que não tem a comunicação social a seu lado, e que historicamente o PSD é um partido com demasiadas facões para reinar pacificamente em tempos controversos



Voltando ao crescente papel dos partidos mais pequenos, é engraçado pensar que a IL é o partido que melhor faz oposição quer ao Governo quer ao PSD.

É um partido que está a entrar de peito aberto, sem medo, e com vontade de se afirmar e mudar o paradigma, apelando ao sentido de Estado.



A questão chave é: Quem é o eleitorado da IL?

Com a campanha de marketing e aposta nas redes sociais, diria que estão a apontar para jovens. Será que vão ser suficientes para o desenvolvimento do partido? Qual será a sua implementação para além de Porto e Lisboa?





Outro tema que será interessante acompanhar será o impacto da alteração do líder. Carlos Guimarães Pinto (CGP) foi o grande obreiro deste partido à semelhança de André Ventura no Chega e Rui Tavares no Livre.



Mordaz, inteligente e irreverente, apontou armas ao socialismo e ao bloco central (não perdeu uma oportunidade de crítica), e tornou-se no rosto mais visível do partido, elegendo um deputado (João Cotrim Figueiredo) e ficando a escassos votos da sua própria eleição pelo distrito do Porto.



JCF é menos irreverente mas talvez passe uma imagem de maior maturidade. Tem a responsabilidade interna de manter um lugar de deputado e a ambição / objectivo de expansão.



Tendo em consideração que a IL tem recrutado não políticos, diría que tem um longo caminho pela frente, mas isso é a chave dos novos partidos.



Pelo menos eu, estou cansado dos políticos profissionais, que não têm o mínimo sentido de Estado e que zelam mais pelos seus próprios interesses do que pelos interesses do país.





Um bem haja a esta lufada de ar fresco do pensamento económico e parlamentar que tem sido a IL.

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